“ (...)sendo o voto o único meio legítimo de defender aqueles direitos, a vida e a liberdade proclamados inalienáveis pela Declaração da Independência das Democracias Americanas e hoje reconhecidas por todas as nações civilizadas da Terra, à mulher assiste o direito ao título de eleitor.”
Parte do Manifesto Feminista – 1934
Muitos poucos têm o conhecimento que o dia 30 de abril é o Dia nacional da Mulher. A data foi instituída pela lei nº 6.791/80, sancionada pelo então presidente João Figueiredo, e representa a data de nascimento da mineira Jerônima Mesquita, natural da cidade de Leopoldina, em 30 de abril de 1880. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde morava, em 1972. Uma extraordinária mulher, grande filantropa e líder feminista brasileira.
Jerônima era a mais velha dos cinco irmãos. Fez os estudos secundários na França, e por lá presenciou a luta das mulheres pela igualdade. Ao retornar ao Brasil tornou-se uma ativista na luta dos direitos da mulher, juntamente com as amigas que conheceu no país da Torre Eifel. Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922. Foi uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, atuando no movimento sufragista de 1932. Junto com as amigas Bertha Lutz e Maria Eugênia, em 14 de agosto de 1934, lançaram um manifesto à nação, chamado de Manifesto Feminista. Jerônima também participou da fundação do Conselho Nacional das Mulheres do Brasil, em 1947, no Rio de Janeiro, uma organização cultural, não governamental, que tem por objetivo a defesa da condição da mulher. Desempenhou papel relevante na estruturação do Movimento Bandeirante no Brasil, originalmente denominado Federação Brasileira das Girl Guides no Brasil. A instituição passou a usar o nome “Bandeirante” a partir da solicitação de Jerônima Mesquita ao professor Jonathas Serrano.
Jerônima ainda recebeu os títulos de “Oficial da Ordem Nacional do Mérito”, conferido pelo presidente da república, a primeira “Estrela de Honra”, a maior condecoração bandeirante e o “Tapir de Prata”, maior distintivo escoteiro do Brasil.
Hoje, a feminista estaria orgulhosa: as mulheres não só alcançaram o direito ao voto –entre outras tantas merecidas conquistas–, como também são a maioria da população brasileira (cerca de 4 milhões a mais do que os homens) e do eleitorado (as eleitoras correspondem a 52% dos aptos no RS). O aumento da proporção de mulheres em relação a homens é uma tendência demográfica brasileira. Mesmo assim, a representação feminina na política ainda é modesta. As especulações sobre o porquê de as mulheres brasileiras ainda não estarem muito entusiasmadas pelo ingresso na vida política são muitas. Algumas das possibilidades de evitar a política envolvem o medo, a falta de recursos financeiros próprios (independência financeira) e a falta de interesse, mesmo. O despreparo sobre assuntos de ordem política, econômica e social do país, pode ser rapidamente ajustado. A obrigatoriedade de quotas (30% das vagas nas eleições, dentro dos partidos políticos, são reservadas para as candidatas mulheres), sem dúvida é um instrumento para incrementar a presença das mulheres na representação política.
É necessário estimular, cada vez mais, a participação feminina ativa nas instâncias de base partidárias e nos processos eleitorais, pois os espaços na política não se ganham, se conquistam! A questão não é somente eleger mais mulheres, e sim eleger mulheres e cidadãos comprometidos com a sociedade, com determinação e competência. Se a opção da maioria das mulheres é de não se aproximar da política, então devem buscar apoiar candidatos que as valorizem e que sejam parceiros nas lutas de seus ideais, em especial a questão da segurança e a violência contra a mulher, inclusive a doméstica. Apoiar novos nomes que surgem no cenário político com uma postura mais humana no trato da coisa pública, fomentando as bases de uma sociedade mais justa e fraterna.
Parabéns Carreira pela homenagem e pelo artigo de hoje. Um grande abraço da equipe do Democratas Canoas.
ResponderExcluir