De acordo com a definição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), denominam-se puxadores de votos, em cada partido ou coligação, nas eleições proporcionais, aqueles candidatos que obtêm número significativo de votos – acima do quociente eleitoral ou como percentual dos votos válidos depositados nas urnas – e concorrem, assim, para puxar a eleição de candidatos menos votados.
O fato de um candidato não atingir o quociente eleitoral não significa que ele não é eleito. Ao contrário, a maioria dos parlamentares, seja na esfera federal, estadual ou municipal, conseguem sua vaga sem alcançar esse número de votos. Isso porque os que chegam mais perto do quociente eleitoral, sem atingi-lo, tem somado os votos dos candidatos mais votados, que transferem o excedente aos colegas de coligação e da votação na legenda do partido.
Infelizmente a nossa política não é pautada pela qualificação dos candidatos, e sim pelo potencial eleitoral que estes podem representar nas urnas. A pouco mais de um ano das eleições de 2012 os partidos começam a tentar arregimentar os chamados puxadores de votos para sua legenda. Além de conhecidos nomes da sociedade, são alvo principal de assédio das legendas os artistas e esportistas. O objetivo é lucrar dividendos eleitorais com a popularidade dessas personalidades sem considerar a eventual incapacidade legislativa e política.
Em vez de promover um debate mais preocupado com os anseios da sociedade, os puxadores de votos costumam pedir votos surfando na simpatia popular alcançada com atividades que nada têm a ver com a política. A onda de candidatos caricatos deve aumentar ainda mais em razão do sucesso nas eleições de 2010 do palhaço Tiririca, o deputado federal mais votado no Brasil com mais de 1,35 milhões de voto, e o segundo em toda história do país. Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP) – vulgo Tiririca pronunciava-se como “abestado” e seu slogan era “pior que tá num fica, vote Tiririca”, somados ao "o que faz um deputado federal? na realidade eu não sei” e “povo naõ é palhaço, mas eu sou”. Após provar que não era analfabeto e depois de seis meses no exercício do mandato o palhaço integra a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, sem nenhum discurso em plenário (informação da página oficial da Câmara dos Deputados - www.camara.gov.br) e é considerado por alguns colegas como um peixe fora d´água, sendo ventilada inclusive a possibilidade de estar deprimido em razão da atividade parlamentar.
Os puxadores de votos permitem aos candidatos com votações menos expressivas conquistar uma cadeira no parlamento. Naturalmente, há vários casos em que a votação do partido/coligação é suficiente para superar o quociente eleitoral e eleger um ou mais candidatos, além do seu campeão de votos. Esta situação reflete o fato de que o partido/coligação tem em seus filiados não só o puxador de votos, mas também, outros candidatos com potencial eleitoral.
O processo eleitoral é um processo com a participação do cidadão para seleção de pessoal para os cargos mais importantes do país. Elevar a qualidade dos nossos políticos resulta no aumento da qualidade dos projetos, das leis e das instituições governamentais. Os eleitores devem escolher os candidatos com base na competência administrativa, vida pregressa e pelos valores defendidos. O clamor popular por um exercício da política de forma mais séria, eficiente e por pessoas qualificadas deve encontrar no voto a sua realização.